O medicamento, importante aliado contra doenças respiratórias graves em bebês de até 2 anos, será ministrado entre fevereiro e julho. Esse período é considerado o de maior circulação do vírus sincicial respiratório (VSR)
Pelo segundo ano consecutivo, Alice Maia, de 1 ano e 8 meses, recebeu o remédio palivizumabe no Hospital do Guará (HRGu). Desde o nascimento, a família da bebê diagnosticada com cardiopatia foi informada sobre a importância de fazer uso da medicação que favorece a prevenção contra doenças respiratórias graves até os 2 anos de idade.
Em 2023, Alice completou as cinco doses recomendadas. “A gente faz tudo para que ela possa tomar o palivizumabe. Esse é um medicamento muito caro, que nós não teríamos condições de oferecer se não fosse o fornecimento gratuito pelo GDF”, celebra a mãe, Priscila Maia, de 26 anos.
O primeiro ano do uso da medicação foi suficiente para demonstrar a eficácia contra os agravos causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR). “Ela chegou a ter alguns resfriados leves, mas nunca evoluiu para nenhum quadro grave. Acredito que a medicação foi muito importante para o fortalecimento da imunidade dela”, relata a moradora do Riacho Fundo, região administrativa inserida na Região de Saúde Centro-Sul.
O palivizumabe é um importante aliado à saúde de bebês nascidos prematuros, com malformações cardíacas ou doença pulmonar crônica até os 2 anos de idade. No primeiro ano de vida, em torno de 50% das crianças são infectadas pelo VSR e mais de 90%, até os 2 anos de idade.
O período de administração da medicação na rede pública do Distrito Federal em 2024 teve início na primeira semana de fevereiro e irá até julho. O VSR tem um caráter sazonal e, no Distrito Federal (DF), assim como na região Centro-Oeste, os meses entre março e julho são considerados como o período de maior circulação.
Cada criança poderá receber de uma a cinco doses do medicamento, a cada 30 dias. O número total de doses por criança dependerá do mês de início das aplicações, uma vez que o medicamento não será fornecido e aplicado após o término da sazonalidade em nenhuma circunstância.
Acesso ampliado à população do DF
Ao todo, são oito locais de aplicação do palivizumabe – cada região de saúde dispõe de ao menos um polo de referência. Conforme os critérios definidos pelo Ministério da Saúde (MS), são habilitadas para receber a medicação: crianças com menos de 2 anos de idade com displasia broncopulmonar (doença pulmonar crônica da prematuridade); crianças com cardiopatia congênita ou adquirida em tratamento para insuficiência cardíaca e/ou hipertensão pulmonar significativos; e crianças menores de 1 ano que nasceram prematuras com idade gestacional de até 28 semanas e seis dias.
O DF adota um critério estendido, de forma pioneira no país para os nascidos prematuros de até 6 meses que nasceram com idade gestacional de 29 semanas até 31 semanas e seis dias. “Este critério estendido traz uma proteção maior aos nossos prematuros, um público que é extremamente vulnerável a maior incidência de infecções por vírus respiratório. Dessa forma, conseguimos protegê-los para que não venham a contrair essas doenças ou evoluir para os casos graves”, explica a pediatra Aline César, integrante da Assessoria de Redes de Atenção à Saúde (ARAS) da Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde (SAIS).
Como receber o palivizumabe?
Os pacientes internados na rede pública de saúde que atendam aos critérios estabelecidos recebem a medicação durante a assistência hospitalar, por prescrição médica. Os pacientes externos e internados na rede privada podem ter acesso ao palivizumabe, se corresponderem aos critérios do MS, por autorização emitida pelo Hospital da Criança de Brasília ou médico pneumologista autorizado pela SES-DF para os casos de pneumopatias; e, para os casos de cardiopatia, mediante autorização pelo Hospital da Criança, pelo Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) ou por cardiologista pediátrico autorizado pela SES-DF.
Em caso de prematuridade, a autorização é dada pelo polo de aplicação após o preenchimento do formulário de solicitação e o termo de consentimento pelos médicos responsáveis pelos pacientes – de acordo com o fluxo estabelecido pela nota técnica.
Nesses últimos dez anos, mais de cinco mil crianças (5.415) foram atendidas na SES-DF. Paralelamente, o coeficiente de mortalidade infantil foi reduzido de 11,4 óbitos para cada grupo de 1.000 nascidos vivos, em 2014, para 9,7, em 2020 – segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), consolidados no último Relatório Epidemiológico sobre Mortalidade Infantil do Distrito Federal.
*Com informações da Secretaria de Saúde