Pedro Malan, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Persio Arida anunciaram apoio no petista com esperança de uma ” condução responsável da economia”
Os economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Persio Arida, considerados essenciais no sucesso da implantação do Plano Real, divulgaram nota conjunta de voto no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa este segundo turno contra o presidente e postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). “Nossa expectativa é de condução responsável da economia”, afirmaram. O comunicado não traz mais detalhes sobre o raciocínio que embasou a decisão do voto.
Pedro Malan foi ministro da Fazenda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), além de presidente do Banco Central (BC) no governo Itamar Franco. Fraga comandou o BC no segundo mandato de FHC, e Edmar Bacha participou da implantação do Plano Real.
Arida, que foi presidente do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na gestão de FHC, já havia declarado, na quarta-feira, apoio ao petista. “Vou votar no Lula não só pelos erros do governo Bolsonaro, mas porque estou preocupado com a democracia brasileira”, afirmou. “Não quero que a democracia morra, e o que hoje temos é um retrocesso civilizatório.”
Ele falou, também, do desempenho ruim da gestão Bolsonaro no primeiro mandato e que seria ainda pior em um eventual segundo governo. Sobretudo, por conta de um Congresso mais conservador, que pode apoiar pautas menos republicanas. “Historicamente, os segundos mandatos são piores, e é inaceitável continuar por mais quatro anos com este governante”, sustentou. “Bolsonaro reeleito seria uma ameaça à democracia, ao meio ambiente e aos direitos humanos.”
O economista disse que não participará efetivamente da campanha, mas que está aberto a conversas. Em 2018, ele coordenou o plano econômico do então presidenciável Geraldo Alckmin, então do PSDB, que hoje está no PSB e é vice na chapa de Lula. Arida e Bacha colaboraram com a área econômica da campanha da emedebista Simone Tebet — terceira colocada nas eleições e que, na quarta-feira, empenhou seu apoio a Lula neste segundo turno da corrida presidencial.
Arida contou que teve uma conversa com o economista Aloizio Mercadante e outros economistas do PT em março e não está envolvido diretamente na elaboração do plano do partido. “O PT já fez boas e más políticas ao longo dos anos, e estou na expectativa de que venham as boas políticas”, ressaltou.
Para ele, um dos principais problemas do programa do PT é a falta de detalhamento. “Os problemas surgem nos detalhes, mas é preciso levar em conta que campanha é campanha”, destacou. “É um momento diferente de quando se governa.”
Além disso, frisou Arida, os programas de governo nem sempre são cumpridos. Bolsonaro, por exemplo, prometeu respeitar o teto de gastos, mas o rompeu em três dos quatro anos de governo. “A julgar pela trajetória, vai romper todos os anos”, acrescentou.
Segundo o economista, o aspecto fiscal, no entanto, não é o principal problema do país. “O Brasil precisa de reformas administrativa, tributária, abertura comercial e mudança no modo de funcionamento da máquina pública”, listou. “O país continua fechado, e sequer as privatizações foram feitas no governo Bolsonaro. A da Eletrobras foi a mais malfeita da História.”
Para Arida, a única medida liberal do governo atual, a independência do Banco Central, aconteceu por um “cochilo do Bolsonaro”. “Se ele tivesse percebido, teria barrado, e (a autoridade monetária) sofreria intervenção como a Petrobras”, avaliou.
Com informações do Correio Brazilense