sábado, maio 18, 2024
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Bolsonaro distorce proposta da Anvisa sobre passaporte da vacina e diz que agência quer ‘fechar o espaço aéreo’

Procurada, agência negou ter feito essa proposta. Em recomendação à Casa Civil, Anvisa propôs restringir voos de alguns países da África em razão do avanço da variante ômicron do coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro distorceu nesta terça-feira (7) a proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o Brasil adote o chamado passaporte da vacina para a entrada de viajantes.

Ao discursar a um grupo de empresários, em evento organizado por representantes do setor da indústria, Bolsonaro afirmou que a agência quer “fechar o espaço aéreo”.

Procurada, a agência negou ter feito essa proposta. No último dia 1º, a Anvisa reforçou a recomendação enviada à Casa Civil para que o Brasil adote medidas mais rígidas no acesso de viajantes ao país. A intenção é evitar o aumento dos casos de Covid-19 após a descoberta da variante ômicron (leia detalhes mais abaixo).

“Eu vejo o ministro Gilson Machado, que não está presente aqui, trabalhando com o turismo. Ninguém tem o que nós temos. Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?”, declarou Bolsonaro nesta terça.

“Ah, ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente, um montão de variantes pela frente. Peço a Deus que eu esteja errado, mas temos que enfrentar”, prosseguiu o presidente.

Estava prevista para esta segunda (6) uma reunião na Casa Civil entre representantes do governo e da Anvisa para discutir a eventual adoção do passaporte da vacina. O colunista do g1 Gerson Camarotti informou que a reunião foi cancelada de última hora.

O pedido da Anvisa

No pedido enviado à Casa Civil no início deste mês, a Anvisa propôs:

A Anvisa argumentou que o cenário é preocupante, entre outros motivos, porque os países no sul da África mais atingidos pela ômicron têm baixa cobertura vacinal. Ao não exigir o comprovante de vacinação, o país, então, poderia facilitar a entrada de pessoas não vacinadas e que poderiam estar carregando o vírus.

Ainda na nota, a Anvisa disse ter identificado rotas aéreas que conectam, indiretamente, o Brasil aos países incluídos nas restrições de voos. Há trajetos conectando o Brasil e essas nações que passam por Etiópia, Catar, Emirados Árabes Unidos e Turquia.

O documento também apontou que um novo pico de casos gerado pela variante ômicron poderia ser freado pelo aumento da população vacinada com a dose de reforço – mas deixa claro que o próprio governo federal tem prejudicado essa possibilidade ao não cobrar o mesmo cuidado dos estrangeiros.

Fonte: G1