Para serem doadores, cães e gatos precisam estar saudáveis, ter um peso determinado e uma idade limite. Além disso, as fêmeas não podem estar no cio ou ter parido recentemente
A doação de sangue é um gesto de amor difundido entre os humanos e que encontra laços também entre os animais. Eles também necessitam da transfusão de sangue, que é ofertada no Serviço Veterinário Público de Brasília, o Hvep.
A empreendedora Ivone Oliveira da Silva, 37 anos, necessitou desse serviço e encontrou apoio no equipamento público, que proporcionou uma nova chance de vida à sua cadelinha por meio da doação de sangue. Luna, de 7 anos, precisou da transfusão para amenizar o quadro de anemia severa.
Após a cadela da raça lhasa apso apresentar fraqueza, palidez e outros sintomas, a tutora resolveu levá-la até o Hvep para investigar a causa e, pelos exames, os veterinários concluíram que Luna precisaria de uma bolsa de sangue para se estabilizar. “Era a chance dela. Fiquei surpresa com todo o aparato e sou grata pela oportunidade de ter sangue disponível para ela”, comentou Ivone, emocionada.
Como doar
De acordo com a médica veterinária e diretora do Hvep, Lindiene Samayana, há uma carência muito grande de animais que precisam receber sangue no hospital, que não possui um banco de sangue próprio. As doações são realizadas de duas formas: por meio de bolsas de sangue compradas em empresas particulares ou por meio de uma lista de tutores que possuem animais com perfil apto para coleta de sangue.
“Muitas vezes, os animaizinhos vão a óbito por falta de sangue. A doação é um ato de amor”, afirma a veterinária. Ela ressalta que atualmente uma bolsa de sangue custa na faixa de R$ 800 a R$ 1 mil. “A gente entende que tem muita gente que não tem esse valor em mãos. Então, o objetivo é justamente ajudar pessoas carentes e salvar vidas. Uma bolsa de sangue pode salvar até três vidas ao mesmo tempo”, destaca.
“Essa doação de sangue existe há anos no Brasil. As pessoas só sabem da importância quando o animal precisa, então a gente deixa um pedido para que as pessoas cadastrem seus animaizinhos”
Edilene Cerqueira, subsecretária de Proteção Animal
Os tutores podem levar o cãozinho para fazer a doação em qualquer dia, após o pet realizar exames, ou entrar em contato com o Hvep pelas redes sociais (@hvepbrasiliadf) ou pelo WhatsApp (61 9938-5316). Esses canais também podem ser utilizados para obter mais informações e tirar dúvidas a respeito da doação. A unidade fica localizada em Taguatinga Norte, na QNF, no Parque Lago do Cortado. Há, ainda, um serviço particular disponível para auxiliar na busca do pet na casa do tutor, chamado Taxi dog.
O serviço conta com regras específicas. As bolsas de 500 ml devem ser utilizadas no mesmo dia, pois além de terem validade de 24h, há uma média de dois a três animais por dia que precisam receber doações no Hvep, com casos que vão desde doenças mais graves até atropelamentos ou quadros que apresentam grande perda sanguínea.
A transfusão de sangue costuma demorar em média de três a quatro horas. “A gente precisa de um preparo porque pode acontecer que aquele cãozinho rejeite o sangue do doador, então a gente explica para o tutor que existe esse risco, mas é bem difícil de acontecer”, explica Lindiene.
Perfil de doador
Alguns critérios são necessários para que a doação seja possível. Fêmeas não podem estar no cio ou recém-paridas e o animal precisa estar saudável e com as vacinas em dia. Os cães precisam ter acima de 25 kg (porte médio para grande), ter de 1 a 6 anos de idade e teste negativo para Leishmaniose. Já os gatos precisam ter mais de 4 kg e a idade limite para a doação é de 8 anos.
Há também uma parceria entre o Hvep, o Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) da PMDF e Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). Os cães-policiais e os cães-bombeiros já têm o perfil e costumam doar sangue para a unidade pública.
Os animais de rua não entram como aptos à doação por não se saber o histórico de saúde deles, que não é possível de ser investigado pelo tempo diferente da triagem, visto que o sangue precisa ser utilizado no mesmo dia. Esse critério é para evitar o risco de transmissão de doenças.
“Essa doação de sangue existe há anos no Brasil. As pessoas só sabem da importância quando o animal precisa, então a gente deixa um pedido para que as pessoas cadastrem seus animaizinhos”, reforça a subsecretária de Proteção Animal, Edilene Cerqueira.
Pet Sangue Bom
Esse gesto é reforçado pela campanha Pet Sangue Bom. Ela estimula a criação e a manutenção de bancos de sangue veterinários, públicos ou privados, para animais domésticos. A ação é uma iniciativa pioneira do GDF voltada à saúde e ao bem-estar dos animais de estimação, publicada pela lei nº 7.415/2024, sancionada pelo governador Ibaneis Rocha.
Para o secretário do Meio Ambiente e Proteção Animal do DF, Gutemberg Gomes, o bem-estar dos animais é uma prioridade: “Os bancos de sangue veterinários desempenham um papel crucial em emergências, cirurgias e tratamentos que requerem transfusões sanguíneas. Trata-se de mais um passo em direção a uma sociedade mais responsável com os animais”.
Fonte: Agência Brasília