quinta-feira, outubro 23, 2025
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Google avança em computação quântica com novo chip Willow

O Google anunciou uma conquista histórica na corrida pela computação quântica. A empresa revelou que seu processador Willow conseguiu executar um algoritmo chamado Quantum Echoes com desempenho 13 mil vezes superior ao dos supercomputadores clássicos mais potentes do mundo.

O feito foi descrito em um artigo publicado na revista Nature, que detalha o primeiro experimento verificável capaz de ser reproduzido em outras plataformas quânticas. A possibilidade de repetição confere ao teste um status inédito de “vantagem quântica comprovável”, algo que há anos é buscado por cientistas do setor.

Algoritmo Quantum Echoes: precisão inédita

O algoritmo desenvolvido pelo Google permite mapear a estrutura molecular de substâncias, analisando a posição e a interação entre átomos de maneira mais detalhada do que os métodos tradicionais, como a Ressonância Magnética Nuclear (RMN).

Nos experimentos conduzidos pela equipe de Google Quantum AI, o sistema foi testado em duas moléculas — uma com 15 átomos e outra com 28 átomos — e foi capaz de replicar os resultados da RMN e identificar informações adicionais que não eram visíveis por técnicas convencionais.

Imagine procurar um navio naufragado no fundo do mar. O sonar pode mostrar uma forma borrada, mas nosso chip consegue ler até a placa de identificação no casco

O Quantum Echoes utiliza um método baseado em interferência construtiva, que amplifica o sinal retornado por qubits, as unidades básicas da computação quântica. Tal processo gera o chamado “eco quântico”, extremamente sensível, que possibilita medir estruturas atômicas com altíssima fidelidade.

O que torna o chip Willow diferente?

Apresentado originalmente em 2024, o Willow é um processador com 105 qubits supercondutores. Na época, o Google havia demonstrado que ele resolvia em cinco minutos um cálculo que levaria 10 septilhões de anos para ser processado por um computador clássico, embora o experimento não tivesse aplicação prática.

Divulgação/Google

Agora, o novo estudo mostra resultados reais e verificáveis, demonstrando que o Willow está pronto para testes com algoritmos úteis. O chip também apresentou uma redução significativa nas taxas de erro conforme o número de qubits aumenta, algo vital, para a estabilidade de máquinas quânticas.

Segundo o pesquisador Tom O’Brien, do Google Quantum AI, o avanço é de fato um ponto de virada:

A verificabilidade é um passo decisivo rumo à aplicação prática. Estamos nos aproximando de um cenário em que a computação quântica se tornará parte do cotidiano científico e industrial

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Impactos e próximos passos da pesquisa

O experimento validado pelo Google é o primeiro a provar a vantagem quântica de forma verificável, conceito que descreve quando um computador quântico supera de forma comprovada qualquer máquina clássica na execução de uma tarefa.

O feito tem potencial para acelerar pesquisas em química, farmacologia e ciência dos materiais, possibilitando, por exemplo, descobrir novos medicamentos ou projetar baterias de próxima geração.

Divulgação/Google

Pesquisadores envolvidos no estudo estimam que máquinas 10 mil vezes mais potentes serão necessárias para aplicar o método em escala industrial, mas o caminho para isso está mais claro do que nunca.

O cientista Scott Aaronson, da Universidade do Texas em Austin, elogiou o progresso:

É empolgante ver o Google superar supercomputadores de forma repetível. Esse tipo de consistência tem sido um dos maiores desafios da área

Scott Aaronson, da Universidade do Texas em Austin

O cenário global e a corrida quântica

O avanço do Google acontece em meio a uma disputa acirrada entre gigantes da tecnologia. A IBM, por exemplo, anunciou planos para lançar até 2029 um processador chamado Starling, com 200 qubits lógicos e capacidade de realizar mais de 100 milhões de operações quânticas.

Enquanto isso, a Alphabet, controladora do Google, viu suas ações subirem 2% após a divulgação dos resultados, impulsionadas pela expectativa de que a computação quântica possa se tornar rentável e aplicável em até cinco anos.

O Quantum Echoes consolida a empresa como uma das empresas mais avançadas na área, mostrando que a supremacia quântica (conceito demonstrado pela primeira vez em 2019), que agora começa a sair do campo teórico e se aproximar de aplicações concretas.

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Computação quântica com resultados práticos

Com o sucesso do chip Willow e do algoritmo Quantum Echoes, o Google mostra que a era da computação quântica funcional está mais próxima do que nunca. O desafio agora será ampliar a escala sem perder precisão, um passo fundamental para transformar descobertas científicas em produtos e soluções reais — da medicina à energia.

Fonte: Google e Nature

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